Muitos estudantes se matam quando o tema de algum trabalho envolve o Modernismo brasileiro. Poderíamos dizer que, diferentemente da geração de 22 – fase revolucionária e “rebelde” dos escritores -, o neorrealismo torna-se uma característica muito marcante nas obras dos escritores da 2ª e 3ª geração do Modernismo no Brasil, pois é através dela que o objetivo de seus escritores ficam mais explícitos para o leitor.
Primeiro, vamos entender o conceito de neorrealismo propriamente dito antes de encaixar em qualquer tipo de obra: “NEO” representa o novo; aquilo que inova; abreviação do termo “Neoplasia”. “REALISMO” movimento literário do século XIX que trouxe uma nova visão de mundo; algo realista; próximo da realidade humana, caracterizado, principalmente, pelo uso das teorias cientificista, como o Determinismo, Positivismo, etc.; grandes escritores realistas se destacaram como grandes nomes do movimento, entre eles: Eça de Queirós (Portugal), Gustave Flaubert (França) e Machado de Assis (Brasil).
Agora, procederemos às características que envolvem o neorrealismo:
Características neorrealistas
A descrição psicológica pode ser vista como uma das principais características do neorrealismo dentro do Modernismo da 2ª e 3ª geração. É através da descrição dos pensamentos das personagens que o conceito de novo une ao antigo. Em suma, esquece-se um pouco da descrição física e parte para a psicanálise (influência de Freud), o estudo dos pensamentos. O leitor passa a ver com os olhos das personagens a situação que enfrenta, só que internamente. O tempo, como consequência, deixa de ser cronológico e passa a predominar como psicológico.
O protagonista é rebaixado ao nível de um animal (Zoomorfização), mas possui pensamentos errantes de um humano, assim como o protagonista de Vidas Secas, de Graciliano Ramos e Os Ratos, de Dyonélio Machado. O Determinismo e as teorias Darwinistas também se destacam no meio social, pois o homem passa a ser visto como um ser que sofre as consequências do seu meio de vivência, seja na cidade, ou no campo (sertão).
Além do engajamento social ao homem menos favorecido, os escritores da época, na maioria de esquerda, criticaram a postura do governo com a desigualdade que o capitalismo impõe e o esquecimento de regiões pobres, como o Nordeste. A realidade brasileira da época toma o foco da literatura, o regionalismo demonstra aquilo que a pobreza, a seca e o coronelismo não tiram das personagens - a esperança.
Importantes escritores neorrealistas e suas obras
Alguns escritores criaram verdadeiras obras primas, entre elas destacamos:
- José Lins do Rego – Menino de Engenho e Fogo Morto;
- Graciliano Ramos – Vidas Secas e São Bernardo;
- Érico Veríssimo – Incidente em Antares e O Tempo e o Vento;
- Jorge Amado – Capitães da Areia e Gabriela, Cravo e Canela;
- João Cabral de Melo Neto – Morte e Vida Severina e O Cão Sem Plumas;
- Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas e Sagarana;
- Clarice Lispector – A Paixão,Segundo G.H. e A Hora da Estrela.
Esses são apenas uma parcela de escritores com algumas de suas obras. Vale a pena ir até uma biblioteca e escolher alguns desses clássicos. Boa análise e boa leitura.